terça-feira, 21 de outubro de 2014

Do tempo longincuo.

Envelheci rápido demais de uns 15 anos pra cá.
Nem vi a vida passar, e saudade é um sentimento tão constante que chego a tentar tocá-la.
Dizer, "ow, me deixa vai, to te cutucando faz tempo, deixa eu continuar..."
Mas olhar para trás parece fazer parte da nossa própria mecânica.
Cresci em uma cidade pequena, e hoje penso que toda criança deveria ter o mesmo privilegio.
Uma infância regada a frutas colhidas e comidas no pé, ao som dos pássaros que competiam com poucos carros nas ruas, ao aroma do bolinho de chuva e pão caseiro, feitos com o amor e carinho da avó...
Eu costumava acreditar que crescer seria como matar um pedaço de mim mesmo, ou ao menos acompanhar a morte lenta e dolorosa de algo
que inevitavelmente fica para trás.
Pensava que perderia o contato com todos daquela época, que nunca mais voltaria a pisar aquele solo que tanto me representou...é...eu que tanto já critiquei essa globalização massiva, hoje admito que ela é necessária. Para restabelecer contatos, para se conectar ao mundo atual...
As vezes o tempo volta, o sentimento volta, a ternura, aquela inocência...
Volta por que nada foi perdido...por que ainda esta tudo ali, e manter isso vivo não deixar de tornar-se adulto, não é abrir mão de responsabilidades...Talvez admitir isso seja um dos passos necessários para embarcar em outra fase. 
É, levei um tempo para perceber que sentir o vento e a chuva bater no rosto, deixar cair e ralar-se todo, passar Merthiolate e deixar arder, andar de bicicleta fazendo barulho de moto com a boca...falar besteiras,..são coisas tão necessárias quanto aceitar que cresceu. 
Esse tempo que levei...esse mesmo que passou, esse que nunca parou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário