quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Do sonho de voar

Desde os primórdios da nova humanidade e com o passar do tempo a vida limitada apenas à superfície terrestre começava a ficar entediante. Por tal, a maior façanha que um homem poderia realizar é a de tirar os pés do chão e “andar” pelos ares, como os pássaros e demais animais alados, pois dessa forma poderia encarar a realidade de todos os lugares por um angulo mais tridimensional.

Esse caso é relatado desde tempos bastante antigos, como na mitologia grega. Conta uma das lendas que um construtor ateniense chamado Dédalo foi convocado por Minos, rei de Creta para construir um labirinto que serviria de prisão para a famosa besta mitológica Minotauro. A fim de castigo pela morte de seu filho Androgeu, Minos decidiu sacrificar sete homens e sete garotas anualmente para alimentar o Minotauro. Quando Dédalo ajudou Teseu, um dos confinados de Minos, a escapar do labirinto com a ajuda de um rolo de fio, o rei se enfureceu e prendeu o construtor junto com seu filho Ícaro dentro do próprio labirinto, que de tão complexo era difícil de escapar até mesmo para Dédalo. Contudo, com sua brilhante mente, o construtor inventou um par de asas feitas com armações de madeira incrementadas com penas de aves e cera, e junto com seu filho partiram do labirinto voando. A sensação de voar era de tamanho júbilo para o jovem Ícaro que, fascinado pela dádiva e no fervor do momento começou a subir mais e mais para apreciar o mundo com seus olhos nas maiores alturas que pudesse atingir. Porém conforme se aproximava do sol, a cera das armações começou a derreter e as penas foram sendo perdidas uma a uma, até que então perdeu a estabilidade e caiu, se afogando no mar Egeu. Dédalo ficou inconsolado pela morte do filho e deu o nome da ilha onde pousara de Icária.

Além da mitologia, há também relatos históricos sobre as façanhas do vôo. A partir dos relatos de estudos de Arquimedes, que descobriu que os objetos podem flutuar sobre a água que demais estudiosos passaram a focar na sustentação dos objetos no ar, visto que este também é um fluído.

Helicóptero de da Vinci
No século XV, Leonardo da Vinci começou a dar ênfase dos seus estudos para a criação de uma máquina capaz de fazer uma pessoa voar. Com isso, desenvolveu dois tipos de máquina: o ornitóptero, que consistia de uma esteira equipada com duas asas artificiais que, teoricamente, quando batidas alçariam voo; e o helicóptero, cujo princípio era baseado na propulsão de ar para baixo a partir do movimento de hélices, que projetaria a máquina no sentido contrário. Estas invenções não saíram do papel, porém serviram como base e modelo para a criação das aeronaves modernas.

Nos primórdios do século XVIII, o padre português Bartolomeu de Gusmão inventou o primeiro aeróstato (aeronaves mais leves que o ar), sendo um balão de ar quente batizado de Passarola. A partir daí vários balões foram criados, porém todos dependiam da ação dos ventos para seguir o seu destino. Somente em meados do século XIX o francês Henri Giffard construiu o primeiro aeróstato dirigível, mais tarde batizados de zeppelins, uma vez que a invenção foi disseminada pela europa pelo conde alemão Ferdinand von Zeppelin.

Os dirigíveis viraram a onda do momento, para fins bélicos de início e posteriormente para transporte, até que uma série de acidentes começou a ser constatada, o que fez com que as autoridades limitaram sua utilização. Com estas leis impostas sobre os aeróstatos, vários inventores começaram a repensar em aeronaves mais pesadas que o ar dando atenção aos princípios de da Vinci. Várias tentativas frustradas a frente e chegamos até meados do século XIX, com Otto Lilienthal, um inventor alemão que desenvolveu vários planadores ao longo de sua vida e realizou voos de vários metros ininterruptamente até sua morte em um acidente aéreo.

14-Bis de Dumont
Concomitantemente à época de Lilienthal, alguns inventores buscavam criar a máquina de voo perfeita, porém não obtiveram sucesso no aspecto de carregar uma pessoa com a aeronave. Anos mais tarde, os irmãos Wright realizaram o que seria o primeiro voo com uma aeronave mais pesada que o ar. Porém, há controvérsias quanto ao fato de terem voado mesmo ou não, sendo que alguns creditam a façanha ao brasileiro Alberto Santos Dumont, que em 1906 realizou um voo em Paris, testemunhado pelo público, com a aeronave 14-Bis.

Ao longo da história, vários homens por si só tentaram a façanha de voar através de objetos feitos sob o molde de asas de aves, quirópteros e demais apetrechos. Porém, isso só trouxe várias fatalidades registradas, como o caso recente do padre paranaense Adelir de Carli, que em um ato falho de falta de preparação se lançou ao ar em 2008, sustentado por vários balões contendo gás hélio e acabou falecendo, perdido na costa por desvios ocasionados por condições climáticas.

O que vem ao caso é que graças ao estudo e desenvolvimento de vários estudiosos e inventores ao longo da história hoje em dia é possível que o homem viaje por vários meios pelos ares, podendo chegar a algum local distante em questão de minutos. Graças a isso, hoje em dia não somos mais limitados a superfície.

Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra com seus olhos voltados para céu, pois lá você esteve e para lá você desejará voltar.”
Leonardo da Vinci

6 comentários:

  1. Ficou muito bom Paulo Gimenez!!! Você fez uma ótima retrospectiva da história do sonho humano de voar... e graças a essas pessoas que sonharam temos aviões super modernos como o Boeing 787 Dreamliner (o mais moderno e revolucionário atualmente), e gigantes como o Airbus A380 que pode comportar 850 passageiros... hoje podemos dizer: o homem consegue voar!!! E digo mais: não há nada mais encantador e de cair o queixo do que ver tudo aqui embaixo a partir do céu...

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  2. Valeu pela dica, Lorrant! Esse post foi praticamente um "trabalho de escola", já que corri atrás de algumas informações, baseadas no que eu me lembrava como fatos históricos e da mitologia. Isso algo um pouco fora da rota do que o blog apresentou até agora, que eram opiniões sobre algumas coisas que já tinhamos base, contos e musicas. Porém acho que é bacana seguir apresentando alguns artigos que estimulem o intelecto, ou mesmo para fins de curiosidade dos leitores, haha.

    Valeu pelo comentário, e continue mandando mais ideias de post aí! :D

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  3. PS.: quando se trata de aviação contemporânea só você mesmo, hein Lorrant? 850 passageiros? Caraca! heauhae

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  4. Muito bom o texto camarada...não poderia esperar por outra coisa, só acrescento que o sonho de voar, vai além daquela vontade de encarar a realidade por todos os lugares de forma tridimensional.
    Voar, significa a humanidade a superação de um desafio.
    O sonho impossível que criou asas de verdade.

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  5. Pois é meu amigo, viva a Aviação Civil, que hoje e sempre vai permitir que a gente cruze o mundo em algumas horas, saímos da época em que isso levava meses (ou ainda da época em que isso era impossível) e passamos pra esse momento incrível da história da humanidade \o/

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  6. Voar é fantástico! Com certeza economizamos tempo e enxergamos mais longe. Mas, às vezes, no solo, conseguimos perceber coisas tão belas quanto e que perderíamos no voo. Percebo isso toda vez que vou à Londrina...

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