terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Do paradoxo do nosso tempo, por Carlin

George Carlin foi um exímio comediante norte-americano que passou a vida expressando suas opiniões acerca de vários pontos contraditórios do cotidiano dos cidadãos americanos e também sobre o quadro político nas décadas de 70 e 80, o que fez com que gerasse grande polêmica e por tal foi acusado várias vezes por falta de moral. Até os dias de hoje existem pessoas que o admiram ou que o odeiam. Hoje irei deixar aqui um texto de Carlin sobre o cotidiano que vivenciou enquanto vivo, e como esse é um blog de opiniões, fica aí a opinião desse grande nome da atualidade.

"Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios.
Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados.
Lemos muito pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente.

Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.
Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver.
Adicionamos anos a nossa vida, mas não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. 
Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.

Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma.
Dominamos o átomo, mas não o nosso preconceito.
Escrevemos mais, mas aprendemos menos.
Planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a nos apressar, e não a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, mas nos comunicamos menos.

Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta.
Do homem grande, de caráter pequeno.
Lucros acentuados e relações vazias.

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios,
casas chiques e lares despedaçados.

Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis,
das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas mágicas

Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.

Uma era que leva esse texto a você, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou deixar pra lá."

George D. P. Carlin
1937 - 2008

Um comentário:

  1. É, esse é um texto bastante corrido pela "infernet".
    Com certeza a humanidade não se encontra além de um paradoxo moral, onde o conhecimento torna-se mecânico e perde sua glória.
    Onde o entusiasmo é na maioria das vezes uma faxada de hipocrisia de gente que apodrece por dentro.
    Onde o respeito é a obrigação e não o prazer.
    E tudo isso relacionado a uma suposta capacidade racional programada em um cérebro evoluído.
    Que de evoluído não entende nada, e se acha conhecer tudo.

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